Vias de Comunicação, os Primeiros Caminhos e Estradas Romanas

Foram os romanos, obrigados pelas suas continuas expedições militares os primeiros a aperfeiçoar os caminhos, fazendo-o de tal modo que ainda subsistem em muitos lugares resistindo à acção do tempo e da furia demolidora dos homens. Dividiam-nas em vias militares e vias vicinalis , sendo as primeiras calçadas, cujos vestígios se podem observar nalguns pontos do Concelho. Todo o seu empenho era fazer obra de longa duração, pelo que assentavam em quatro camadas, chamando-se a primeira statumen assente em terra firme depois de limparem a areia ou argila que pudesse obstar á segurança requerida.
A segunda era o ruderatio feita duma composição de pedaços de louça, telhas, tijolo aderentes com argamassa ou betume. Á terceira dava-se o nome de nucleos , sendo formada de cal e areia. Finalmente, sobre esta, punha-se a ú1tima camada a que chamavam summa crusta ou summum dorsum que consistia quase sempre em pedras mais ou menos trabalhadas e colocadas de maneira a tornar o peso cómodo e durável.

Eis o itinerário de algumas delas: uma vinha de Coimbra à Guarda, passando por Celorico, Lajeosa, Porto da Carne, Faia, etc. Outra saía da Guarda, Ramalhosa, Porco, Ponte do Ladrão, Termas de Sto. António, Queiriz, Carapito, Aguiar, Lamego, etc, e ainda outra de Viseu, Abrunhosa Velha, Cabra, Linhares, Prados, Misarela, Corujeira, Famalicão, Valhelhas, etc. Destas antigas estradas do país permaneceram alguns troços no Concelho: Celorico, Linhares, Rapa, Prados, Vale de Azares, Ratoeira, etc. A sua destruição data porém de há muitos séculos, desde que os habi­tantes para melhor se defenderem dos bárbaros levantaram em grandes extensões essas pedras para evitar ou pelo menos retardar a passagem das hostes invasoras. Já na nacionalidade, os lugares por onde atravessavam desenvolviam-­se mais naturalmente, pelo que os monarcas obrigavam os viajantes a segui­rem por elas, atendendo assim o desejo das respectivas populações, embora sacrificando itinerários mais curtos.