Taça do Mundo de Parapente Despede-se de Portugal com “Obrigado e até breve!”

Linhares da Beira, 3ª e última etapa europeia antes da Super Final na Turquia sagra Lucas Bernardin (França) como vencedor, imediatamente seguido pelo português Cláudio Virgílio.
Bernardin conquista 1º Lugar depois de ultrapassar os portugueses “Manos Virgílio”
Lucas Bernardin, da França, foi o grande vencedor da Taça do Mundo de Parapente disputada, de 7 a 14 de Agosto, na Serra da Estrela, em Linhares da Beira.
Nas 3 mangas (voos) realizados, Lucas Bernardin chegou à meta em primeiro duas vezes, o que lhe valeu o triunfo final, sobre os restantes 113 pilotos da elite mundial do parapente (dos quais 6 eram portugueses). Todavia, para o assegurar teve que ultrapassar o par nacional competitivo constituído pelos irmãos Cláudio e Nuno Virgílio que, no final da 2ª manga, garantiam o 1º e 2º lugares, respectivamente.
Enquanto o recordista nacional de distância (248kms em 6h15m, entre Guarda e Vidigueira) Nuno Virgílio teve uma 3ª manga (que, devido aos fortes ventos registados de 5ª a Sábado, inviabilizando novos voos, se revelaria a última manga) desfavorável, caindo para o 14º lugar na classificação final, o seu irmão Cláudio aguentou um ritmo competitivo extremamente forte, alcançando um fantástico 2º lugar na geral, a apenas 110 pontos do vencedor (sendo que cada voo, vale até 1000 pontos, e que houve 3 voos nesta competição, verifica-se como o resultado foi extremamente renhido). O pódio completou-se com o francês Julien Wirtz, a 174 pontos do seu compatriota.
A França foi aliás, esmagadora, tendo sido a nação vencedora desta 3ª  e última etapa europeia da Taça do Mundo antes da Super Final, na Turquia. Este domínio francófono rompeu com o domínio italiano verificado na Taça do Mundo 2009 e reflectiu-se igualmente na vitória por equipas (16 fabricantes de asas presentes) em que as duas primeiras equipas (Ozone e Kortel) são gaulesas. Portugal, reflectindo a importância crescente da modalidade no nosso contexto desportivo, ficou em 6º lugar entre 46 nações participantes.
Portugal saiu-se igualmente bem na competição feminina, onde a sempiterna campeã nacional, Sílvia Ventura, esteve a um milímetro do pódio, chegando ao 4º lugar entre 11 senhoras inscritas, a 108 pontos da 3ª classificada, a russa Marina Olexina. Esta competição foi ganha pela estrela mundial do parapente feminino, a japonesa Seiko Fukuoka.
Todos os atletas e também todos os responsáveis pela entidade organizadora da Taça do Mundo (PWC, Paragliding World Cup) sublinharam o sucesso organizativo da WIND – Escolas Parapente Portugal, da Fundação Inatel e da autarquia de Celoricio da Beira, patente na forma perfeita como esta competição altamente exigente decorreu, bem como o nível competitivo de Linhares da Beira, que se afirma indiscutivelmente como a capital nacional e, crescentemente, uma das capitais europeias do Parapente, atraindo, ao longo do ano, cada vez mais pilotos e espectadores (e, consequentemente, valor económico) que acedem facilmente às soberbas descolagens que a Serra da Estrela oferece, como se comprova pela visita à descolagem de Linhares do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão.
Discurso Directo:
Coordenador Geral da Prova, Samuel Lopes
“Os objectivos de toda esta equipa, de todo este projecto, que nos propusemos atingir foram todos alcançados. Foram 3 eventos e 15 dias em grande: Festival Acrobático, Open Internacional e, finalmente, a Taça do Mundo. Os pilotos estão contentes, mencionam todos a capacidade organizativa que Portugal revelou num grande evento internacional. Prova disso é o facto de o Delegado Técnico da PWC ter revelado que, entre os 110 locais que receberam a Taça do Mundo, esta prova estar entre as cinco primeiras. Agora podemos acolher qualquer prova, a X Series, o Campeonato da Europa ou, até, o Campeonato do Mundo. O caminho está aberto, com estes parceiros (WIND, Inatel e Câmara de Celorico da Beira) para, nos próximos 3 a 4 anos, recebermos qualquer um dos maiores eventos de parapente mundiais.”
 
Delegado Técnico da PWC, Xavier Murillo
“Linhares foi uma aposta (da PWC) ganha. Tivemos uma organização [portuguesa) das melhores do mundo. Mesmo com a meteorologia que tivemos, em Linhares realizou-se uma boa média de voos, superior a muitas das provas nos Alpes. Todos os pilotos estão muito satisfeitos. A nível competitivo é um local excelente, com térmicas fortes e com possibilidade de se planearem voos de mais de 100 kms. O balanço é 100% positivo. Voltaremos. Não imediatamente, porque não costumamos repetir em anos sucessivos os mesmos locais, mas voltamos com regularidade aos melhores locais de voo e aos sítios onde a organização é muito boa, o que foi o caso. Podemos mesmo vir a fazer uma competição em Linhares e noutro sítio também com boas condições, como Montalegre.
 
Director de Prova; Fernando Amaral
“Linhares provou que tem condições competitivas (de voo) para consolidar a sua posição de capital nacional de parapente e como um destino excelente para o voo livre a nível europeu. A organização da Taça do Mundo reconheceu esta etapa como uma das melhores etapas da Taça do Mundo de sempre.”
 
Vencedor Taça do Mundo de Parapente de Linhares da Beira; Lucas Bernardin
“Mesmo com a meteorologia difícil tivemos muito boas condições de voo. Foram mangas rápidas, que exigiam decisões rápidas sob pena de pagar os erros eventualmente cometidos imediatamente e com elevado preço competitivo. Foi uma bela competição. Cláudio Virgílio atacava de uma forma extremamente impressionante e audaciosa, a voar só na frente. Honestamente foi uma das melhores etapas da Taça do Mundo deste ano, a organização estava impecável e é uma bela região para se voar.”
 
2º Classificado e Melhor Português; Cláudio Virgílio
“Foi pena o vento ter inviabilizado esta última manga, onde poderia ter hipóteses reais de alcançar o 1º lugar. Perdi a liderança da competição na 3ª manga, que acabou por ser a última, e já não houve tempo para a recuperar. Todavia, o 2º lugar na Taça do Mundo é uma conquista importantíssima na carreira desportiva de qualquer parapentista que se preze, o que faz com que esteja bastante satisfeito.”
 
Vencedora Feminina; Seiko Fukuoka
“Não foram mangas fáceis para mim, foram muito ventosas, mas foi excelente conseguir voar bem nestas condições. Aprendi imenso. Os fogos nesta região foram algo surpreendente, mas a beleza de voar a partir de uma aldeia histórica compensou largamente. É um lugar para repetir!”
 
4ª Classificada e Melhor Portuguesa, Sílvia Ventura
“Competir aqui em Linhares, entre os melhores do mundo foi Super. Foi bem acima das minhas expectativas, que já eram altas! Foi um prémio para 16 anos de dedicação a esta modalidade. Gostava imenso de ter tido possibilidade de ir ao pódio, mas o 4º lugar foi fantástico! Os 14 dias de férias que tirei para estar aqui a competir valeram a pena e mais qualquer coisa. Portugal provou que consegue estar a nível competitivo e organizativo ao nível dos melhores. Todos os dias recebemos elogios dos responsáveis da PWC. Provámos que podemos organizar qualquer evento da modalidade, por maior que seja.”