A Moura da Rapa
Perdido na história, viveu na Rapa um rapaz chamado Miguel. Em sonhos, foi até ao sítio do Alambique onde encontrou uma moura encantada, rodeada das maiores riquezas. Despertando do sonho, a imagem da moura encantada, não lhe saía da cabeça e Miguel pôs-se a caminho.
Chegado ao Alambique, deparou-se com uma bela mulher, mas com um horrendo atributo: metade mulher, metade serpente que da boca soltava uma língua viperina! A moura aliciava-o com o tesouro que a rodeava: – Vem Miguel, vê que riqueza tão grande me acompanha! Saltou-lhe logo à vista um belo galo de ouro! Miguel, que tinha muito medo de cobras, vacilou, vacilou, mas, cauteloso, avançou.
A moura, vendo-o aproximar-se, diz-lhe:
– Vês que não te minto Miguel… tudo isto será teu se me beijares – e solta um longo sibilar
– Sssssssssss… vem quebrar o meu encantamento e serás rico!
Miguel era ambicioso, mas não tolo. Tinha medo de ser aprisionado pela moura encantada!
A moura insistia:
– Não te faço mal! Vem quebrar este feitiço que me amaldiçoa e toda esta riqueza será tua!
Muito desconfiado e receoso daquela mulher/serpente que o tentava, Miguel observa-a à distância enojado. Cauteloso, como à chegada, o rapaz, rápido e astuto, agarra no galo a quem arranca a crista a foge para longe daquela moura encantada!
A moura, destroçada com o encanto dobrado, grita bem alto por Miguel, mas ele já ia longe!
Reza a história que o encontraram na cidade da Guarda onde fez bom dinheiro com a crista do ga
A Praga de Gafanhotos
Há muitos anos atrás, quando o tempo era contado ao ritmo das colheitas agrícolas, o povo e os campos de Vide-entre-Vinhas foram invadidos por nuvens de gafanhotos que enegreciam os céus e devoravam tudo à sua passagem. No primeiro ano terão ficado pela serra… os densos giestais foram devorados até à raiz! No ano seguinte, a praga aproximou-se da povoação onde devorou todas as culturas que encontrou! A agricultura, era um complemento importante da economia familiar, e a perda das culturas, podia significar um ano de fome e de grande prejuízo!
Perante tal invasão os videnses e os povos vizinhos apelaram à intervenção divina para a proteção dos campos e das culturas. Pegaram em Nossa Senhora e levaram-na em procissão pelos campos, na esperança de verem atendidas as suas orações.
Para admiração de todos, desse ano em diante, a praga de gafanhotos nunca mais assolou a freguesia. O fervor de todos por Nossa Senhora dos Verdes levou à instituição de uma festa religiosa em sua honra todos anos no dia 2 de fevereiro. Sabe-se que a partir dessa altura a mesma data era frequentemente escolhida para batizar as crianças.
A última festa regular terá ocorrido em 1963
Lenda da Lua Nova
No final do século XII viviam-se tempos tumultuosos na Península Ibérica e os conflitos entre Portugal e Castela eram uma constante. Os alcaides de Celorico da Beira, D. Gonçalo e de Linhares da Beira, D. Rodrigo, eram irmãos e leais súbditos de D. Sancho I de Portugal.
O alcaide de Celorico da Beira, sabendo da aproximação do exército leonês, por alturas da lua nova, desenhou mentalmente a estratégia militar e pensou esperar o inimigo fora das muralhas!
– Humm… humm… acho que vou preparar as minhas tropas para surpreender os leoneses onde menos esperam… no campo e longe do castelo!
– Como!! D. Gonçalo! Está louco?! Isso é insensato! – Os capitães ao seu serviço, dada a superioridade numérica do inimigo, acharam o plano pouco prudente. Ainda assim, D. Gonçalo enviou um mensageiro a pedir ajuda ao seu irmão na defesa da praça de armas. D. Rodrigo depressa rumou a Celorico!
– Que ideia foi essa de esperar os leoneses fora do castelo?! – perguntou D. Rodrigo a D. Gonçalo.
– Vamos surpreendê-los! Nunca esperarão um plano destes… além disso, temos a nosso favor o conhecimento do terreno enquanto eles… andarão às apalpadelas! Serão apanhados completamente desprevenidos!
– Nossa Senhora do Açor nos ajude! – dizem ambos, levantando as mãos para o céu.
Aproximava-se o exército leonês de terras de Celorico. Caiu a noite, negra como breu, apenas as estrelas brilhavam no céu! D. Gonçalo e D. Rodrigo posicionaram as tropas junto à Penhadeira, nas proximidades da Velosa, e deram a ordem de ataque.
A batalha da Penhadeira, assim ficou para a história, foi uma vitória absoluta!
Este feito eternizou-se no brasão de Celorico da Beira que ostenta a lua e as estrelas.